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Autismo- TEA - Relato de Caso

Olá pessoal, estamos na semana de conscientização do autismo e no dia 02/04 que é comemorado o dia mundial de conscientização do autismo recebi a mensagem da Pri, minha xará, descrevendo sua vontade de escrever contando sua história e querendo dividir e ajudar outras mamães.

"Oi pessoal, sou Priscilla, 33 anos, mãe do Filippo, 5 anos, essa é de longe a minha melhor descrição. Sou também fisioterapeuta especialista em ortopedia com o maior amor.

Nos últimos anos passei por duas grandes mudanças na vida. Primeira, a maternidade, não planejada mas completamente desejada, e a segunda, o meu proposito de estar escrevendo, ser mãe de um anjo azul (assim denominada as crianças dentro do espectro autista).


Descoberta desde o início, tive uma gestação tranquila e sem imprevistos, Filippo nasceu de 40 semanas através de uma cesárea, e seguiu para casa no período esperado. Foi amamentado exclusivamente até os seis meses e continuamos até dois anos.

Seu desenvolvimento psico motor também estava dentro do esperado até um ano. Foi nessa época mais ou menos que comecei a notar a diminuição de algumas ”atividades” que ele já fazia bem e a não evolução da linguagem verbal (deixou de mandar beijos, dizer ciao, parecia que não escutava pois nunca olhava ao ser chamado pelo nome e estacionou nas palavras mamãe, papai e água).

Foi nessa época que comecei a ficar preocupada que algo não ia bem. Fui estudar para um concurso publico, e no edital dizia que cairia os transtornos do desenvolvimento mais comuns na primeira infância. Quando comecei a ler artigos sobre o autismo, na mesma hora identifiquei diversas características do meu filho. Foi a primeira vez que meu mundo desabou, não por um provável diagnostico e sim pela vulnerabilidade do meu pequeno, de algo que eu não conseguiria protege-lo. Neste momento fui muito acolhida pelo pai dele, que me acalmou e disse que estávamos juntos para buscar respostas e “soluções”.


Em pouco tempo procuramos o pediatra que o acompanha até hoje. Ele logo tratou de nos acalmar mas disse para esperarmos, que tudo tem seu tempo. Que ele ainda estava na época de se desenvolver naquilo que estávamos queixosos.

Esperamos mais um tempo, afinal ele tinha um ano e meio, ainda era muito pequeno. Hoje quando recordo lembro que houveram mais atrasos neste período, principalmente na interação social e nenhum avanço na linguagem verbal.

Perto dele fazer dois anos, conversando com um pediatra infectologista, que é conhecido nosso, sugeriu de marcarmos com um outro médico, que também conhecíamos, um psiquiatra infantil.

Assim o fizemos, faltando poucos dias para completar dois anos, fomos no Dr. Daniel, que nos recebeu de maneira extremamente carinhosa e cuidadosamente nos ouviu e orientou em diversos sentidos. Explicou que passaríamos por diversas avaliações antes de fecharmos um diagnóstico.

Neste mesmo período o colocamos na escola. Foi bem difícil a adaptação, ele era muito apegado a mim (parei de trabalhar para ficar com ele até 2 anos), além disso deixava de se alimentar para quando chegar em casa mamar. Não interagia e nem gostava muito de ficar perto de outras crianças. As vezes tinha reação de morder quando contrariado.

Em poucos dias passamos no ambulatório da linguagem da UNIFESP. Foram alguns encontros com avaliações da fonoaudiologia em parceria com psicologia. No relatório final foi abordado uma atraso de linguagem receptiva de mais de oito meses e linguagem expositiva que ultrapassava um ano. Fomos orientados para inicio imediato de terapia com fono. Neste momento procuramos um profissional dentro do convenio que atendia criança pequena ( dois anos e um mês). Começou então a fazer uma vez por semana por meia hora.

Um mês apos, demos inicio as avaliações dentro do ambulatório da cognição social também na UNIFESP. Diversos profissionais (neuro pediatra, T.O, psicólogo, neuro psicólogo) faziam parte da equipe, guiada por um psiquiatra infantil. Foram diversos teste observacionais em mais ou menos quatro meses, mas já na segunda vez que la estávamos a neuro pediatra me disse “mãe independente do resultado que der aqui seu filho precisa de intervenção psicológica agora” (ainda lembro com maior clareza essas palavras e o impacto que me causou. Como assim meu filho precisa de psicologo!). Deixei de lado meu pensamento egoísta e procurei mais uma vez no convenio. Achei um profissional, mas seguia uma linha psicanalítica, logo de inicio mudamos (explico mais a frente).


No final desses quatro meses, Filippo então com dois anos e meio, adaptação ainda ruim na escola, cada vez menos comunicativo e pouca interação, recebemos os resultados das avaliações. Dividido em cinco competências as duas que ele era muito defasado (sociabilização e comunicação) levaram ao diagnostico de TEA (transtorno do espectro autista). Neste momento meu mundo desabou, perdi meu chão, mas ao mesmo tempo nasceu uma força extraordinária de aceitar aquela informação na sua totalidade e partir para fazer TUDO que estava ao meu alcance para meu filho ter o melhor tratamento.

Mais uma vez o Dr. Daniel nos recebeu de braços abertos e ajudou a digerir a informação. Alem disso nos encaminhou para o Núcleo Paradigma, uma instituição clinica- escola que faz atendimento gratuito para crianças de ate 4 anos em ABA.

ABA sigla em inglês para analise do comportamento aplicada, uma proposta de terapia comportamental, que é a mais eficiente segundo o mundo cientifico, para tratamento de autismo e deficiência intelectual.


Ele começou a ter um tratamento por três vezes na semana de uma hora e meia em ABA, mudamos a fono para uma especialista duas vezes na semana de uma hora e começou também com terapia ocupacional direcionada. Em quatro meses meu filho era outra criança, progrediu muito na linguagem verbal, na interação e socialização. Ainda me lembro de ir busca-lo na escola e a professora e coordenadora brincarem “Pri que milagre aconteceu?”(ainda me emociono muito com essas palavras), e hoje acho que sou capaz de responder isso. Não foi milagre e sim muito muito muito muito amor e “trabalho”. Foi a aceitação rápida por parte de nos pais e família guiados por Deus, além de um diagnostico preciso precoce e inicio de terapias bem prescritas por profissionais super competentes, esse sim é meu milagre.

Eu agradeço diariamente, pois sei que tive muita sorte nos meus caminhos e hoje quero ajudar o máximo de pessoas possíveis para que os encontre também. Os obstáculos existiram sim, foram muitos, mas em nenhum momento pensei em desistir. Hoje estou fazendo duas formações em EAD a nível de especialização em ABA para autismo e deficiência intelectual e TEA, para em um futuro próximo combinando com a fisioterapia atender essas crianças de maneira melhor, além de entender mais sobre meu próprio filho.

Hoje Filippo com 5 anos, estuda em escola regular (educação infantil), não precisa de acompanhante terapêutica, faz terapias todos os dias da semana, além de capoeira, judô e futebol (com o papai), e acima de tudo é uma criança extremamente carinhosa, de bem com a vida e feliz!


Acredito no poder transformador da educação, informação de qualidade nos levam sempre a melhores caminhos. Ainda estou engatinhando, mas me ponho a disposição para qualquer tipo de troca de informação , quem sai ganhando com isso são nossos filhos.

Dia 02/04 é comemorado o dia internacional da concientização do autismo, e acompanhando o blog pedi licença para a Priscilla Kalil deixar eu expor a minha experiência e ajudar outras pessoas. Agradeço de coração a aceitação da minha ideia e o carinho com o qual me tratou.

Mais uma vez me deixo a disposição, podendo me contatar pelo facebook Priscilla Cinquetti ou email: pricinquetti@yahoo.com.br e agradeço a oportunidade.

Um beijo no coração de todos!"


Pri, obrigada por escolher o blog pra dividir sua experiência! Fiquei muito feliz, pois vejo que com o blog temos conseguido espalhar as mais diversas histórias e juntas formarmos uma rede de apoio virtual que nos acolhe. Fiquei emocionada com sua história e com seu comprometimento para ajudar outras famílias, parabéns Pri, isso é muito lindo!




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