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Espaço Mãe

Dia 22 de julho inaugurou um novo espaço todo voltado para mães, a principal ideia é que a mulher seja a protagonista da sua história.

O espaço ficou lindo e tudo foi pensado com os mínimos detalhes, foi palpável a emoção e realização dos fundadores.


A doula Thami Manoela, enfermeira obstetra Mariana Chagas, Pediatra Juliana Alves Barreto, Priscilla Kalil, enfermeira obstetriz Bianca Rocha e a médica obstetra Fabiana Garcia

Também tivemos a oportunidade de entrevistar a Sócia fundadora do Espaço Mãe, Mariana Chagas, enfermeira obstétrica.


Mariana Chagas, Bianca Rocha e Fabiana Garcia, sócias fundadoras do espaço Mãe. Na foto está faltando o Paulo Noronha, que precisou sair para atender uma mamãe em trabalho de parto.

· Como surgiu a ideia do Espaço Mãe?

Vimos a necessidade de oferecer um local acolhedor e com atendimento individualizado, pois nossas pacientes precisavam se deslocar em busca de profissionais com o mesmo ideal.

Foram muitas noites viradas em parto sonhando com o Paulo (Paulo Noronha, médico obstetra, sócio fundador do espaço mãe). Cada detalhe desse projeto lindo! Então conhecemos a Fabiana e a Bianca (Fabiana Garcia, médica obstetra e Bianca Rocha, obstetriz, sócias fundadoras do espaço mãe) e convidamos para dividirem esse sonho e elas amaram a ideia.


· Como serão realizados os atendimentos no Espaço? Atenderá convênio?

Gostaríamos muito de ter atendimento individualizado, sem pressa, com profissionais comprometidos com a qualidade da consulta e não com o tempo gasto na consulta através de convênio. Quem sabe um dia... Mas atendemos através de reembolso pelo convênio.


· Como será possível a mesma equipe do Espaço atender no dia do parto? Quais hospitais vocês atendem?

Trabalhamos com equipe espelho. Somos duas duplas de profissionais que se ajudam.

Atendemos no Hospital São Luís, Sepaco e Samaritano preferencialmente e Rede Santa Joana.


· Em que momento uma cesárea é realmente indicada?

Em algumas situações a cesárea se torna a via mais segura, algumas delas são HIV com mais de 1000 cópias, quando a placenta permanece localizada em cima do colo uterino com gestação avançada (placenta prévia), descolamento de placenta, quando há estado fetal não tranquilizador, bebê transverso e prolapso de cordão umbilical.


· Como lidar com a frustração de uma paciente que desejava muito ter um parto normal e não conseguiu/não pôde ter?

Trabalhamos com uma assistência onde não há como prometer uma via de parto e sim uma assistência segura e humanizada.

Falamos muito sobre expectativas no pré-natal. Falamos sobre nossas taxas de cesáreas (7%). As mulheres sabem que só irão para uma cesárea se essa for mais saudável que a via vaginal. Dividimos decisões após oferecer todo o tipo de informações baseadas em evidências científicas atuais e sólidas.

Então, geralmente elas entendem que foi o melhor para o caso delas. O que dói muito é saber que foram enganadas.

Importante saberem que tudo bem ficarem tristes por não ter acontecido o parto idealizado e que continuaremos à disposição para continuar oferecendo o melhor conforme necessidade individual...


· Qual é o trabalho da enfermeira obstetra após o parto?

Após o parto, a enfermeira pode atuar na consultoria de amamentação, avaliando períneo ou a ferida da cesárea, sangramentos, na avaliação do bebê e auxiliando aos novos pais nessa nova rotina. Isso é muito particular da área de atendimento de cada uma. Eu atuo também com laserterapia.

Eu acho essencial a atuação da enfermeira nas consultas pré-natal, na avaliação domiciliar do estado de saúde do bebê e da mulher em trabalho de parto para que ela busque o hospital somente quando necessário. Isso oferece um conforto ímpar!!! Diminui a quantidade de intervenções e consequentemente um parto mais saudável e proveitoso.


· Se a mulher deseja ter um parto cesárea, também poderá ser humanizado?

Essa é uma grande questão na humanização. Se ela quiser e houver indicação, a cesárea será realizada com toda a atenção e segurança. Porém, importante levar em consideração a segurança, os riscos de uma cirurgia com mãe e bebê saudáveis. Informar a mulher sobre os riscos e benefícios e principalmente considerar se o bebê merece ser retirado de forma imatura e abrupta num momento que ainda estava em desenvolvimento sem indicação clínica e sem ele ter o poder de decisão.


· Se uma mulher, no meio do trabalho de parto, pedir por uma cesárea, existe frustração da equipe por essa mulher não acreditar na sua força?

Não. O parto é da mulher! Somos apenas a ferramenta da assistência humanizada. Não podemos jogar nossas expectativas em cima de alguém. Cada mulher precisa protagonizar a sua própria história.


· Existe uma recordação marcante de algum parto? Qual a história? Como lidar com isso?

Existem várias!!! Cada atendimento é único e todos fazem parte da minha construção como profissional e como mulher. Difícil escolher apenas uma história.

Uma vez, fui chamada para atender uma mulher que estava no plantão apavorada, pois sua obstetra havia viajado e não tinha backup (equipe espelho). A médica do plantão dizia que não iria atender aos pedidos do plano de parto. Liguei para o Paulo (Noronha) que foi junto comigo. Chegamos a tempo de oferecer respeito e tranquilidade. Apagamos as luzes, avaliamos mãe e bebê, a colocamos na banheira, acalmamos o casal e ela pariu lindamente. Até hoje nos falamos.

É incrível poder fazer parte da história de alguém e ser lembrada com carinho.


· Você descreve como seu próprio parto te fez mudar de profissão. Infelizmente ainda há uma luta muito grande na humanização do parto. O que acha que pode mudar, o que pode ser feito?

As instituições precisam ensinar uma obstetrícia de qualidade, onde as evidências científicas embasam de fato a prática profissional aumentando a segurança no atendimento.

Inaceitável que em 2019 ainda existam acompanhantes que são impedidos de acompanharem os partos, profissionais que agridem física e emocionalmente as mulheres num momento tão vulnerável.

O pré-natal é muito ruim no nosso país. Pedem ultrassons demasiadamente e ao mesmo tempo ignoram sinais clássicos de doenças comuns que matam mulheres e bebês, como hipertensão e diabetes. Indicam cirurgias para pessoas saudáveis na saúde privada para quase todas, ao mesmo tempo que não há uma opção de analgesia para parto normal no SUS.


· Fique à vontade para acrescentar o que achar necessário

É um absurdo nossa cultura nos levar a crer (de maneira errônea) que uma cirurgia em corpos saudáveis não acrescenta nenhum tipo de risco porque as mulheres fogem da violência de um parto atendido de forma violenta e cheia de intervenções desnecessárias.

Sim, nós temos outras opções além disso. Infelizmente a mulher precisa lutar muito para ter segurança e respeito em seu parto!



Muito sucesso nesse espaço incrível! que ele consiga atingir e modificar a vida de muitas famílias!

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